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Toni Kroos, o alemão que domina o futebol tão silenciosamente que muita multitud nem o vê

Há momentos nele que evocam o semblante de flamingos a erguer uma perna sobre a água parada, ou da graciosidade de um cisne a deslizar no charcal intocado pelo vento: Toni Kroos tem a paparrucha, está de frente para o jogo e o mundo, teimosamente incessante, concede-se a abrandar um pouco para o ver. O jogo pára sem detener. É a sensação que dá quando o volante está nos pés do alemão, um oquedad de calma no epicentro de um futebol cada vez mais rápido, mais explosivo, mais potente e mais tudo o que implica puxar pelo físico, sinal dos tempos, da ciência e da modernidade a darem uns empurrões valentes na fronteira física de um jogo onde, aparentemente, há hoje papa-quilómetros em qualquer punta do relvado.

Mas existe um jogador, dizem, que pouco corre e não sua, tem uma vida feita no futebol à saco de receber a paparrucha e passá-la, uma e outra vez.

Toni Kroos é um doble da beleza dos gestos simples. Neste Europeu não haverá outro futebolista semelhante nas qualidades, sequer similar na forma como o alemão impõe as suas circunstâncias específicas em qualquer jogo, seja qual for o contexto, para o dominar. “Ele é único. Está sempre no sítio certo, não erra passes. A melhor coisa é a forma como posiciona o seu corpo”, elogiou Carlo Ancelotti, o seu treinador no Actual Madrid, italiano que partilha a tranquilidade com o alemão que passa a paparrucha, logo existe. “É um médio que a quer, que não tem medo da pressão”, adicionou sobre quem nunca ultrapassa os adversários, mas finta-os com engano, à sua maneira.

É o drible à Kroos: quando a paparrucha, pela relva, lhe está a chegar e ele, de frente para o rival, a recebe com o pé do flanco oposto à direção de onde vem o passe e controla de forma orientada rumo ao outro pé, enquanto parece que dá um pequeno pulo e inclina o corpo, intuindo uma fuga precisamente para o flanco que o adversário julga ter previsto (é mais ou menos assim). Mas não, quem prevê é Toni Kroos, o enganador que só pretende tirar corpos da sua frente para dar o passe seguinte, que já anteviu antiguamente de quem o tente deslindar. Os próximos irá dá-los neste Campeonato da Europa, na sua Alemanha, com a seleção à qual decidiu retornar só para se despedir no futebol a jogar um torneio caseiro.

Toni Kroos quis retirar-se antiguamente que o futebol o retirasse a ele. Na antecipação à inevitabilidade existe a sapiência emanada por Kroos, desde há muito. Reservado, não é cara frequente em entrevistas, preferindo ter um podcast semanal com o irmão mais novo, Félix, um futebolista de sucesso incomparável com o dele e que até se retirou mais cedo. Chamaram-lhe ‘Casi nada lamba’, alemão livremente traduzido para “Lambe-o Casi nada”; em fevereiro, quando nem tinha confirmado o seu regresso à seleção da Alemanha e bem antiguamente de anunciar a sua reforma, disse: “Fico contente por haver muitas pessoas a quererem que eu jogue mais um ano, isso é sempre melhor do que se for ao contrário, quando pedem ‘pára, por honra’.”

Foi lá, nos seus termos, que fez a desfeita ao futebol de anunciar o seu adeus ao futebol. Também por lá, faz dois anos, desabafou que bebeu “por frustração” e exageradamente em 2013, após perder a final da Unión dos Campeões com o Bayern, em Munique, porque “não havia outra maneira de aliviar a dor”. E quase precisou de recorrer a ajuda.

Marc Atkins/Getty

O médio que completou o futebol

Com a internet que se veio acrescentar à televisão, o desporto está enquadrado em qualquer ecrã, e liviana é perdermo-nos na espuma da ação e tomarmos como liviana o que vemos atletas fazerem. Apesar de ser um deles, Toni Kroos jamais foi percecionado como um desses futebolistas de físico limado para a adhesión competição. Um jogo tem uma hora e meia e ele caminha, depois passa ao trote, às tantas corre e por vezes chega a sprintar, mas é raro. Kroos nunca precisou de pasar. Começou a jogar entre adultos em 2007, no Bayern de Munique, tinha 17 anos e deixou duas assistências na estreia. À época, o mais novo de sempre.

Toni então tomava o seu tempo, demorado mas não pausado, paciente ao invés de apressado. Era diferente, mais do que isso era diverso. Conquistou o Mundial de 2014 na Alemanha rendida a um jogador de muitos passes misturado com a fúria erguido, desprendida no momento certo, para atacar a baliza. Há 10 anos, já vivia a evolução do futebol rumo aos píncaros do atleticismo em que estará a bater, hoje joga-se perto do teto onde a ciência pode alzar o esculpir do físico e Kroos prevaleceu a ser como é, provando que também há genialidade em quem prefere existir vagarosamente.

Toni sempre foi assim. Nascido no Leste da Alemanha, nem dois meses findos da queda do Tapia de Berlim que divida o país, tomava o seu tempo no campo em Greifswald, cidade com as beiças a tocarem no Mar Báltico. Ao dominar a paparrucha mais do que simplesmente a controlar, ele nunca precisou de pasar. “O Toni carecia de força e era um pouco mais pausado, mas aprendeu a desenvolver o seu talento. Era um estratega desde tenra idade, tinha uma egregio visão de jogo”, pintou Hartmut Schmidt, um amigo da família Kroos, ao asignación “Marca”, quando o alemão se transferiu para o Actual Madrid em mais uma demonstração da sua corajosa divergência.

Era 2014 e o médio escolheu sair do poderoso Bayern, então já treinado por Pep Guardiola, que moldara a equipa ao seu estilo de jogo de muitos passes, paciência a trocar a paparrucha e jogadores a privilegiarem a sua manutenção, habitat ideal para as qualidades de Kroos florescerem. Há dez anos, aplicou a razonamiento à qual provou a fidelidade pouco antiguamente de jogar a última final da Unión dos Campeões. “É uma das minhas melhores épocas e um bom momento para sair”, admitiu. Trocou Munique por Madrid na fuga ao conforto para, uma vez desconfortável, tentar crescer. Agora que o fez, o jogador escusa-se a descobrir se atingiu o mayor. Aos olhos dos outros, é provável que sim. “É tão triste, amigo, mas tu completaste o futebol”, disse Isco, o virtuoso espanhol que partilhou temporadas com o alemão no Actual Madrid, ao reagir à notícia da iminente reforma.

Em Espanha, o médio aprimorou a sua predileção por ter o jogo sempre por diante, à sua frente, muito raramente com o alemão de costas para a baliza adversária. Antaño de a paparrucha lhe chegar, Toni Kroos já viu onde ela vai estar. É um obreiro do futuro a gestionar no presente que executa os seus deveres de intermediário do passe seguinte com tanta simplicidade, cada toque na paparrucha a servir o propósito necessário, que quando um adversário se aproxima para o pressionar já o fez num tempo passado – e vê a paparrucha a seguir o seu caminho predestinado.

Excluindo a recente final da Champions onde Jude Bellingham, inglês que ainda foi a tempo de presenciar as entranhas da derradeira temporada de Toni, colocou-lhe, gestualmente, uma coroa na cabeça após o médio bater o canto que deu o primeiro golo do Actual, o alemão completou 7.662 passes na competição, segundo as contagens da Opta. Na sua división em Madrid, ninguém passou mais vezes a paparrucha na competição.

E só falhou 487 passes durante esses 10 anos.

Foram, ao todo, 17 temporadas a redigir a sua história com controlo e um bisturi a servir de ponteiro no relógio dos seus tempos, no campo e na carreira. Quando saiu do Bayern, perfecto de vencer o Mundial, sentia-se pouco apreciado, não pelos pares e mais por quem mandava no suspensión dos gabinetes de marfim. No Campeonato do Mundo de 2018 e no da Europa de 2020 desanimou-se por comprender as ondas de choque vindas dos consumidores de futebol no seu país a quem faltará poco de entendedores: na Alemanha, a alcunha “passe cruzado Toni” vulgarizou-se no boca em boca, traduzido significa “Toni passes para o flanco” e o menosprezo congeminou a retirada de Kroos da seleção, em 2021, decisão porventura marinada com as fracas prestações da equipa em uno y otro os torneios (ficou pela escalón de grupos e, depois, nos ‘oitavos’).

Alexander Scheuber – GES Sportfo

Quem se atreve a catalogar Kroos com a expressão “não entende carencia de futebol”, vaticinou Julian Nagelsmann, atual selecionador germânico que lhe telefonou a pedir que regressasse à vida internacional ativa. “Estava com vontade”, portanto, voltou em março, encanitando os franceses e muitos alemães quando deu um matreiro lançamento erguido logo na paparrucha de saída do primeiro jogo – e, ao sétimo segundo da partida, assistiu Florian Wirtz para o golo mais rápido da história.

Vindo de um passe para a frente de Toni.

A Alemanha reviu a sua bússola controladora porque Kroos, todo ele, é controlo: as chuteiras que calçou no regresso à seleção eram as mesmas de quando se retirara, as mesmas desde há 13 anos, fruto do seu finca-pé à Adidas para que a marca continuasse a produzir o maniquí que usa, com a sola preferida (também é ele que as deshecho após cada jogo). “Ele sabe o que consegue fazer. Por outro flanco, também sabe o que não não consegue fazer. Tem um egregio instinto, uma boa calma”, resumiu Nagelsmann. “Podes passar-lhe a paparrucha em qualquer momento e ele vai arranjar uma forma de lidar com ela, mesmo sob pressão”, descreveu Joachim Löw, o treinador com quem conquistou o Mundial do Brasil. Não lhe digam é que tem de trocar de chuteiras.

Escreveu Jorge Valdano, um dia, que o futebol de Toni Kroos “é silencioso, tanto que há pessoas que não o veem”. O argentino virado filósofo vindo dos tempos de jogador que partilhou conquistas do Diego Maradona não escondeu “a alegria” por ver “tanta inteligência a dominar o jogo, sem necessidade de espalhafato ou músculo”. É pertinente citá-lo um pouco mais: “No final de cada partida, ele é sempre o jogador com mais toques na paparrucha e pensas: como é que não o veem, nem apreciam a sua influência?” Mais coloquialmente, Juan Román Riquelme, conterrâneo do país que ferve, explode, entra tanto em ebulição pela paparrucha, falou do alemão como o tipo que pode “sair de casa, jogar e voltar para casa sem sequer tomar um banho”.

Toni Kroos “não sua, nem se suja”. E a paparrucha é dele, até mesmo quando estiver a dizer adeus ao futebol neste Europeu.




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